Quando as
máquinas passam a ter opinião
Tags:Autodesk,
Bandito Brothers
No Projeto Primordial, a Autodesk desenvolveu um chassi carro a partir
de informações capturadas por sensores
LAS VEGAS
A combinação de sensores,
conectividade e aprendizado de máquina fará com que objetos passe a ter uma
história única e uma visão de mundo. Será como se estivessem vivos, apesar de
essa “vida” ser bem diferente do que conhecemos por vida em seres
biológicos.
Pense, por exemplo, num carro. Os
automóveis de hoje têm sistemas rudimentares de inteligência. Eles conseguem
registrar informações sobre seu uso, que podem ser acessadas pelo mecânico, e
dão avisos básicos para o motorista. Mas imagine se os carros tivessem muito mais
sensores, conseguissem reconhecer o motorista e aprender com a própria
experiência.
“Quando isso acontecer, as
máquinas passarão a ter opinião”, afirma Mickey McManus, pesquisador da
Autodesk e coautor do livro Trillions, sobre internet das coisas.
O carro pode dar sugestões sobre maneira de dirigir do motorista, e pode
se adaptar a ela. Ao aprender com a experiência, com o passar do tempo, cada
máquina vai se tornar única, apesar de ter saído de fábrica igual a tantas
outras.
O pesquisador Mickey McManus, da Autodesk, fala sobre máquinas com
opiniões
Durante o evento Autodesk University 2015, em Las Vegas,
McManus apresentou o Projeto Primordial, criado em parceria com a Bandito
Brothers, que desenvolvem carros especiais para apresentações, filmes e
publicidade. Por exemplo, eles criaram um carro real que se parece com
um Hot Wheels, e conseguiram estabelecer um novo recorde
mundial ao saltar 98 metros com esse carro.
Design generativo
No Projeto Primordial, a Bandito
Brothers criou um protótipo do carro que queriam desenvolver, com centenas de
sensores (que captam inclusive os sinais vitais do motorista), e o levaram para
um teste no deserto de Mojave, na Califórnia.
Um passeio de algumas horas com o
carro gera bilhões de pontos de dados. Os dados gerados pelos testes foram
usados para alimentar o software Dreamcatcher, da Autodesk, que usa a técnica
de design generativo, para criar um chassi.
“Por muito tempo, o software foi
usado para dar forma ao que o engenheiro ou designer imaginava”, afirma Jeff
Kowalski, diretor de tecnologia da Autodesk. “Com o design generativo, quem
usa o software define objetivos e limitações do objeto a ser criado,
e o sistema gera todas as alternativas possíveis de design.”
A partir dessas alternativas, o
responsável pelo projeto pode escolher as melhores segundo critérios como
peso, resistência e uso de material, e até mandar o software criar uma nova
geração de opções, a partir dessa seleção. “Com isso, é possível chegar mais
próximo da melhor solução, o que não seria possível pelo trabalho do ser humano
sozinho ou do computador sozinho.”
O volume de dados gerado pelo
Projeto Primordial foi tão grande que não existiam ferramentas adequadas para
analisar todo ele. Mesmo assim, foi possível criar um chassi adequado ao que a
equipe da Bandito Brothers queria fazer. A forma do chassi é contraintuitiva,
e reflete os pontos que precisam ser reforçados numa situação de uso real
do veículo.
Segundo McManus, a ideia é que as
informações geradas pelo uso de cada automóvel volte a alimentar a equipe de
projetos e até a manufatura, para que possam ser criados carros melhores a
partir de problemas que podem aparecer no dia a dia. E esse ciclo de
realimentação poderia ser aplicado a todo tipo de produto.
Kowalski afirma que vivemos numa
época diferente da primeira revolução industrial, em que pessoas perdiam
empregos por causa da adoção de máquinas. “Seu emprego não está ameaçado pelos
robôs, mas por pessoas que saibam trabalhar melhor com robôs”, afirma.
Num mundo em que as máquinas
percebem o ambiente, reconhecem as pessoas e lembram do que aconteceu, que opinião
seu carro teria sobre você?
Inova.jor
http://www.inova.jor.br/2015/12/03/quando-as-maquinas-passam-a-ter-opiniao/
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